Quem a conhece, sabe. Estudar tear com a Tiyoko é mais do que o aprendizado cuidadoso de inúmeras técnicas. Ela vai mais fundo, pois atou os fios de sua própria vida ao tear. Responsável pela oficina de Arte Têxtil do Sesc Pompéia, há 24 anos ela compartilha o conhecimento altamente qualificado que possui com qualquer um que queira entrar para o clube dos que tecem. Já presenciei a Tiyoko ensinando
soumak duplo e técnicas de
kilim a pessoas leigas numa megafeira em São Paulo, ou o urdimento do tear pente-liço num banco de jardim... Ela oferece a cada um segundo o seu interesse e a todos atende com igual presteza. Há aqueles que a procuram para aprender a fazer xales e mantas para bebês, jogos americanos, tapetes e peças utilitárias. Há os interessados nas possibilidades infinitas de padronagem no tear de pedal. Há também aqueles que querem aprender a técnica minuciosa do
gobelin para tapeçaria artística. Ela não sonega informação. Até as detentas do presídio feminino puderam aprender a tramar e a urdir algo mais concreto do que vinganças desesperadas ou esperanças débeis projetadas num futuro incerto.
Importa pouco a motivação de cada um, vale mais a satisfação pessoal que cada qual obtém com a confecção de um têxtil nascido da interação entre expectativa e domínio técnico. É bonito de se ver, brotar das mãos um artefato feito de persistência e engenho.
Entre as alunas, brincávamos que algumas de nós tinham
shoyo na veia. Na verdade, muitas tinham. Literalmente. Mário, Hissae, Keiko, Mioko, Harumi, Maria, Darci, Liliam, Renata, Emy, João, Cléo, Paula, Ritinha, Rosa, Audrey, Sueli, Marilena, Sandra, Suzana, Serjão. Pessoas com as quais topei na minha época. Há muitas mais.
Quase tudo que sei de tear aprendi com ela. Falta agora aliar a técnica à criatividade que cada um deve buscar dentro de si para trilhar o seu próprio caminho têxtil. Sei que a Mestra aprova.
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Meus panos de aprendizado do tear artístico |