5 de novembro de 2010
Fio matizado
Minha mãe sempre fez campanha contra brinquedo que brinca sozinho e não deixa espaço para a criança imaginar. Faz de conta que essa tampa é uma panelinha e este mato um banquete no Maxim's. Pronto, mastigávamos as azedinhas que mal e mal viam água. Modelar o barro, então, era a glória, pois tudo era possível. Tomei muito vermífugo para expulsar os excessos de minha imaginação ou as carências de minha condição, leia-se como quiser. Mas no tear, quando uso fio matizado (que eu adoro!), ele brinca sozinho e eu termino o pano me sentindo um tanto enganada. No tear manual, quando não se trabalha a padronagem, a graça está em misturar os fios para criar nos tecidos efeitos variados de cor, textura, transparência, brilho... Quando se usa o fio matizado a preguiça parece conduzir nossa mão.
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4 comentários:
Bem dito, Ludmila. Fez-me lembrar os gloriosos anos do faz-de-conta, e do era-uma-vez.
Eu não tenho filhos, será que as crianças ainda brincam assim, ou só têm factos e verdades pela frente?
Acho impossível viver sem a beleza dos mundos imaginados e alternativos.
Sabe que já briguei muito com meu filho por causa do video-game que ele adora. Não seria o game de hoje nosso faz-de-conta d'outrora?
A diferença, penso eu, é que éramos obrigados a criar cenários, personagens e guião, enquanto os videogames já fornecem tudo isso.
Lu, se você observar com cuidado os bem pequeninos, vai perceber que não "compram" os brinquedos que brincam sozinhos, normalmente se entediam rapidamente e vão brincar com a fita do embrulho ou com a caixa! Mas hoje os tempos são outros, talvez o desafio seja orientar o equilíbrio entre os cenários prontos dos videogames e a brincadeira de escolinha com os bichos de pelúcia...
Com relação aos fios matizados, acho que devemos buscar o equilíbrio da mesma forma que as crianças: ora eles atuam como os cenários dos videogames, ora perderemos (ou ganharemos!) tempo tentando fazer nossas próprias matizes contando e brincando unicamente com a nossa ímaginação!
Beijos, Angélica.
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