19 de agosto de 2010

Agulhas na alma

Vaso em cerâmica com o qual presenteei uma amiga
Nasci com agulhas na alma. Não faço distinção: agulhas de tricô, de crochê, de bordado, de tapeçaria, de sacaria, de costura e até de seringa, o Dr. Nilo que o diga! Tenho agulhas suficientes para aparelhar até a geração de meus bisnetos... Mas isto não importa. A habilidade para manuseá-las todas vem vindo ao sabor dos interesses que se alternam a cada momento.
Por hora, tricoto. Estou fazendo minha terceira blusa para este inverno que (Deo gratia!) se prolonga. Escolho modelos com técnica cada vez mais apurada para alegria de minha professora de tricô. E eles vão saindo cada vez melhores. Tenho um prazer nada secreto de poder apontar para um objeto e dizer "eu que fiz". Tanto que até os pratos, xícaras e travessas de casa levam meu nome. Tempos em que eu fazia cerâmica para expurgar alguns males. E mosaico também. Fiz um grande, com desenho de muiraquitãs que levou vários anos para ser concluído, pois cortar pastilha de vidro com alicate é um talento para poucos. Aplicá-lo na parede, então, exigiu o métier de um pedreiro habilidoso. Minha mão não dá para isto. Mas voltemos às agulhas. Não fosse por elas, meu tempo ocioso me sufocaria. Por intermédio delas minhas mãos como que prendem o instante mesmo em que o amor me habita e me faz gerar objetos vários. É assim, bem feminino que esse negócio me parece. Homens que bordam têm o meu respeito.

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