11 de junho de 2012

Gaiola


Nasceu como uma estrutura de cavilhas e rami. Não deu. Leve demais. E eu não sei nós capazes de resgatar suicidas em Bungee Jump. Daí virou ferro, ou melhor, aço que tanto machucava o itabirano Carlos (da gentil terra mineira nosso poeta conservou somente a dureza). Mas assim foi que meu rascunho de cavilhas e rami transformou-se nessa gaiola de aço e solda. A delicadeza veio depois, mas sem exagero. Esmola demais santo desconfia. Havia um turbilhão de coisas em que pensar, e eu não queria que o bruto subjugasse o delicado. Havia a exposição do Giacometti na Pinacoteca, havia os pregos do João Pimenta e as minhas facas, havia a luz tão bonita do atelier novo, havia John Lennon gritando umas urgências antigas. Pregos viraram agulhas, assunto que me ocupa. Título foi mais difícil, acabou ficando óbvio.

4 comentários:

Joana disse...

É gaiola é próprio. Mas pode ser o que cada um quiser. Eu lembrei de construção, andaime, talvez pelo ferro usado na estrutura e pela rede de proteção. Trilha sonora Chico Buarque, Sentimento e Construção.
Como foi o passeio tecendo no metrô? fiquei curiosa. Aqui não acontece nada disso. Bjs
Joana

Ludmila Ciuffi disse...

Também gosto dessa trilha sonora, que aprendi a cantar quando era bem pequena. Parece que cresci ouvindo o Chico...
Sabe que não fui ao passeio? Recebi uma ligação de falso sequestro de minha filha que estragou meu dia. Precisei dormir para recuperar o equilíbrio. O que me consola é que esses vagabundos que invadem nosso sossego têm vida curta.

Alexandre Heberte disse...

Adoro, muito lindo.

Gi disse...

Gaiola e sequestro? Ainda bem que foi falso, e que também à gaiola falta uma parede.
Bonito trabalho, na minha humilde opinião, Ludmila.