10 de agosto de 2011
Metafórico
E já que aranhas dedilham música no espaço queria costurar aqui o fio dessas palavras sem concretude. Estruturadas elas desafiam o discurso a dizer somente nas entrelinhas, já que as linhas pontuadas de verbos e substantivos embaralham e fazem nó. Texto e têxtil, com o galo cantando cocoricó e a manhã saltando em bolhas que pulam na tela de meu computador enquanto os dedos demorentos perseguem fumaças de sentido. Ai que o texto prevalece, mas o assunto que persigo é todo feito de fibra que amarra e de agulha que fura. Ocorre que quando a mão não trabalha a imaginação tem de compensar de alguma forma e isso é uma confissão de falência. Não fiz! Não teci, não bordei, não costurei, não crochetei, não tricotei, não fiz nada! Aranha encolhida destilando veneno que cobre de negro uma nota que eu queria colorida. Uma vez pensei coletar todas as metáforas têxteis fáceis demais e fazer melhor. Abandonei o projeto grande demais para meus ombros invejosos de Atlas e de Clarice, que cosia para dentro. Que agulha afiada empunhava essa mulher! Furou minha carne com imagens poderosas. Justo eu, que choramingo piegas.
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Um comentário:
Oi Ludmila, com essa promessa de bolo e cafezinho pode ter certeza que na proxima vez eu aviso. Infelizmente esta viagem foi inesperada e repentina, por um motivo muito triste. Minha ida ao mercado foi uma tentativa de dispairecer, vai ver também foi por isso que não consegui enxergar o lado bom da 25. Mas pelo mercado valeu pois sou uma adoradora de mercados. Bjs
Joana
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