12 de junho de 2011

Música de manivela


Estes foram os primeiros. Outros virão. A oficina que estás prestes a terminar vai deixar saudades. Nela bordamos, costuramos, ouvimos poemas, rimos e falamos mal da vida alheia. Eu pelo menos sou a primeira a  falar mal de quem não reserva tempo para cultivar seu jardim. E olhe que meu barquinho anda fazendo água e meu jardim quase que só tem capim. Mas vamos lá, navegar é preciso...
Este poeminha copiei-o e deixei-o em minha caixa de costura. Chama-se Música de Manivela e está no livro Pau-Brasil de Oswald de Andrade.

Sente-se diante de vitrola
E esqueça-se das vicissitudes da vida
Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma

Discos a todos os preços.

4 comentários:

Gi disse...

Ah, essas ocupações tradicionais, de que eu só vi praticamente o fim: a casa de costura, com as mulheres reunidas trabalhando e conversando... Há pouco tempo, no meu hospital, ainda havia, acredita? Depois acabou e a roupa passou a ser tratada em outsourcing.

Ludmila Ciuffi disse...

Sabe que alguns hospitais por aqui mantém grupos (geralmente mulheres voluntárias) que fazem trabalhos artesanais com os doentes para recuperá-los mais rápido. Há também os palhaços, para as crianças...

Joana disse...

Não sei se é por conta do frio que andei passando neste período de férias mas tudo que consigo pensar é em mantas quentinhas e aconchegantes. Penso que uma toda bordada assim, com pedaços da vida e das lembranças ficaria perfeita para o aconchego em frente a uma lareira. Com uma roda de bordadeiras e artesãs melhor ainda.
A caixinha vai para.....mim. O paninho com estampa de coração não é mera coincidência. A caixinha está acondicionando os remedinhos recentemente recomendados para esse fim. Pressão de fora, pressão por dentro, o que me faz concluir, enfim, que cultivar o jardim é melhor do que cultivar a conta bancária. Tomara que ainda haja muito tempo para cultivar muitas flores. Bjs
Joana

Ludmila Ciuffi disse...

Um coração aquecido e belas flores para cultivar fazem mais efeito que boa parte da ciência e das finanças do homem... Vive-se muito e vive-se bem quando se faz o que gosta.
Beijos