30 de junho de 2011

M de mandruvá


Como João Cabral bem o disse, e disse primeiro e disse melhor, somos muitas Marias, iguais em tudo na vida... então minha capitular ficou de Mandruvá, que o santo Houaiss registra como variante de marandová. Que beleza de língua! E ainda bem que há a mandioca e a praga da mandioca, que alimenta lagarta tão bonita!
A lagarta não bordei não sei porque, talvez para não assustar uma certa Lourdes que morre de medo desse pedaço de vida tão verde quanto o musgo que é pura fotossíntese. Oxigênio: vida e morte da célula. E quem disser que eu fumei deve um brinde às sinapses sem estimulante!
Mas tá aí meu M, fotografado num dia tão sem luz que fez as cores esconderem-se de vergonha. Nessa manhã tão nevoenta em São Paulo em que posto na internet enquanto mastigo mandiocas e penso em mandorovás. O índio globalizado como diria o Oswald. Preciso parar de pilhar os poetas!

4 comentários:

Gi disse...

Não páre, não, Ludmila, que assim nos vai regalando.
Desta vez fui eu quem teve de googlar - não conhecia a marandová, mas sou como essa Lourdes, não quero mesmo conhecer pessoalmente.
Um abraço cheio de sol.

Joana disse...

Olhei bem de pertinho para ver teu bordado. Teu mandrová me lembrou minha mãe que falava sempre em mandorová. Nascida no cafundó do Judas, como dizia ela, analfabeta como a mãe do ex, mas que aos 16 anos foi trabalhar de cozinheira num hotel para poder estudar na cidade, da qual ela tinha muito medo, tanto que a primeira vez que viu um avião se escondeu embaixo da casa feita de pau a pique com os troncos da madeira que se abria a clareira, onde se guardava a lenha sequinha para o inverno rigoroso e de pouco agasalho, lá no cafundó do Judas, que só passou a constar no mapa depois que construíram um presídio e substituíram os mandrovás por famosos e estelares traficantes.
Bjs
Joana

Ludmila Ciuffi disse...

Gi, obrigada pelo calor do abraço, mais valioso do que o do Sol que banha Portugal nessa época do ano!:-)

Ludmila Ciuffi disse...

Adoro suas histórias, Joana! É quase inacreditável que histórias de vida tão difíceis assim tenham chegado tão perto de nós! Tive uma bisavó que fez o parto de seus próprios filhos. E foram tantos (24) que ela se tornou a parteira da pequena cidade em que morava no interior de Minas Gerais. Minha avó e meu pai nasceram pelas mãos dela. Quando eu nasci, ela ainda vivia, e me presenteou com uma calcinha de crochê feita por ela, velhíssima, com linha de costura! É pena que minha mãe não tenha tomado o cuidado de guardá-la para mim... Ela a doou para outro bebê, pois sabe como é, né, um usa, outro usa, outro usa e assim vai, até acabar...